quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Aliás, isso me lembra...

Dentre o vão da cortina tremulando, olho pra paisagem de fora de casa. De laranja coloriam tons de azul que formam o céu. As nuvens? Poucas, apenas charme.  Aliás, que charme, que delicadeza, que genialidade de quem as fez parecendo algodão e as colocou na imensidão do céu.
Aliás, nuvens me lembraram você, tanta beleza e sutileza para se deslocar no horizonte, vagarosamente...como teu charme pra jogar o cabelo, que em retratos de memória, me lembro constantemente dessa cena em câmera lenta.
Gostaria de me arriscar em sair lá fora e sentir o desafio da liberdade de ser plenamente leve ao sentir o toque dos últimos raios de sol, mas não posso tenho medo. Aliás, medo me lembra das vezes que tive vontade de me encorajar e falar tudo habitava no meu olhar, traduzido em sentimentos e sensações que percorriam cada ponta do meu corpo provocando arrepios até chegarem ao coração. Mas, é assim mesmo, o medo nos deixa trancado e faz com que não sejamos sinceros, no meu caso foi o medo que me deixou trancado em casa ou deixou tudo trancado dentro de mim.
Respire fundo, talvez você consiga sentir o cheiro das flores lá fora. Aliás, esse cheiro me lembra de um perfume que sempre faço questão de sentir, seja na hora de chegada ou de partida, quando te abraço pra me despedir.
Ahhh, a cantoria deste pássaro eu reconheço, um belo canarinho preso na gaiola na varanda da casa. Aliás, o canto do canarinho me fez lembrar das vezes que liguei no celular dos nossos amigos e que você atendeu, e que apenas uma palavra era o suficiente para que eu soubesse que voz que respondia ao outro lado da linha era a sua. Tive uma idéia vou sair só um pouquinho pra soltar esse passarinho para que as outras pessoas possam ouvir sua voz, digo, seu canto.
Ahhh, que vento refrescante que sopra aqui fora, balança os galhos, as folhas da mangueira e até derruba as mangas. Manga docinha que é gostosa de provar lambuzando a boca e aproveitando cada fiapo até o caroço. Aliás, isso faz lembrar dos nosso beijos que ficaram em um único dia, que lambuzaram minha boca com teu batom e adocicaram meu paladar.

Aliás, o que estou fazendo mesmo aqui fora? Será que foi uma opção consciente ou inconsciente soltar o canarinho? Já é hora de entrar e trancar tudo dentro de mim, digo, a porta de casa. Olha o perigo que corri dizendo, digo, saindo. Pois o que resta agora são só lembranças e preciso organizá-las em uma caixa separada antes de poder voltar a sair. Mas, quem sabe um dia eu tire a caixa debaixo da cama e a reabra, mas isso só vai acontecer se você também quiser sentir. Caixa guardada, hora de passar a tranca na porta...uma pergunta: O que virá agora?

Um comentário:

Camila Vieira disse...

Lindas palavras,Scaliante. ;)