Dentre o vão da cortina tremulando, olho pra paisagem de
fora de casa. De laranja coloriam tons de azul que formam o céu. As nuvens? Poucas,
apenas charme. Aliás, que charme, que
delicadeza, que genialidade de quem as fez parecendo algodão e as colocou na imensidão
do céu.
Aliás, nuvens me lembraram você, tanta beleza e sutileza
para se deslocar no horizonte, vagarosamente...como teu charme pra jogar o
cabelo, que em retratos de memória, me lembro constantemente dessa cena em câmera
lenta.
Gostaria de me arriscar em sair lá fora e sentir o desafio da liberdade de ser plenamente leve ao sentir o toque dos últimos raios de
sol, mas não posso tenho medo. Aliás, medo me lembra das vezes que tive vontade
de me encorajar e falar tudo habitava no meu olhar, traduzido em sentimentos e sensações
que percorriam cada ponta do meu corpo provocando arrepios até chegarem ao
coração. Mas, é assim mesmo, o medo nos deixa trancado e faz com que não sejamos
sinceros, no meu caso foi o medo que me deixou trancado em casa ou deixou tudo
trancado dentro de mim.
Respire fundo, talvez você consiga sentir o cheiro das
flores lá fora. Aliás, esse cheiro me lembra de um perfume que sempre faço
questão de sentir, seja na hora de chegada ou de partida, quando te abraço pra
me despedir.
Ahhh, a cantoria deste pássaro eu reconheço, um belo
canarinho preso na gaiola na varanda da casa. Aliás, o canto do canarinho me fez
lembrar das vezes que liguei no celular dos nossos amigos e que você atendeu, e
que apenas uma palavra era o suficiente para que eu soubesse que voz que
respondia ao outro lado da linha era a sua. Tive uma idéia vou sair só um
pouquinho pra soltar esse passarinho para que as outras pessoas possam ouvir
sua voz, digo, seu canto.
Ahhh, que vento refrescante que sopra aqui fora, balança os
galhos, as folhas da mangueira e até derruba as mangas. Manga docinha que é
gostosa de provar lambuzando a boca e aproveitando cada fiapo até o caroço.
Aliás, isso faz lembrar dos nosso beijos que ficaram em um único dia, que
lambuzaram minha boca com teu batom e adocicaram meu paladar.
Aliás, o que estou fazendo mesmo aqui fora? Será que foi uma
opção consciente ou inconsciente soltar o canarinho? Já é hora de entrar e
trancar tudo dentro de mim, digo, a porta de casa. Olha o perigo que corri
dizendo, digo, saindo. Pois o que resta agora são só lembranças e preciso organizá-las
em uma caixa separada antes de poder voltar a sair. Mas, quem sabe um dia eu
tire a caixa debaixo da cama e a reabra, mas isso só vai acontecer se você também
quiser sentir. Caixa guardada, hora de passar a tranca na porta...uma pergunta:
O que virá agora?
Um comentário:
Lindas palavras,Scaliante. ;)
Postar um comentário